Análise prática da Olympus OM-D E-M1 |
A minha primeira camera fotográfica foi uma Zenith, isto aos
15 -16 anos. O meu pai ofereceu-me uma , para eu lhe deixar a Rolleicord em
paz. Sei que custou 10 contos, mas logo
depois do entusiasmo inicial, percebi logo que aquilo era uma camera muito limitada,
com objectivas fraquinhas, a alavanca de arrasto do filme , estava sempre a
encravar, e partia-me os filmes Orwo que comprávamos na Filmarte, logo tinha que fazer um upgrade rapidamente.
A minha primeira máquina...minha mesmo.. até comprar a Olympus OM-2n |
Em pouco tempo, estava a vender fotografias na feira aos
feirantes, o sucesso dessas vendas foi de tal forma que em poucas semanas tinha
dinheiro para comprar uma máquina a sério, e a minha escolha foi a Olympus
OM2n, com uma objectiva de 50 mm 1,4 da Zuiko, um mimo de máquina. Com a compra
da OM2, comprei um precioso rolo de negativos a cores, esse rolo de 36
fotogramas rendeu-me um mês na máquina, mas daí tirei uma fotografia vencedora
de um anuário nacional, uma gata enrolada numa manta de retalhos, também no
final desse filme, tirei uma série da minha primeira foto-reportagem , um
acidente que escuso de relatar, na linha de Sintra, fotos essas que fizeram
furor nas redacções dos jornais e revistas de Lisboa, efectuei a minha primeira
venda e as fotos do meu primeiro rolo, Fujicolor, foram destaque em diversos
jornais, além de capa do anuário.
Esta máquina foi excelente e trabalhou muitos anos. O pormenor da sapata de flash, ausente, era acessório |
Assim, durante vários anos a Olympus, foi a minha fiel
companheira, comprei a OM1n e a OM3, totalmente mecânicas, mais tarde a OM4Titanio e juntamente com o
José Ribeiro, grande fotógrafo actualmente na Reuters, éramos os foto-jornalistas
das Olympus.
As máquinas tinham uma excelente qualidade, mas eram fracas para
andar no dia a dia dos jornais, e para a foto-reportagem tinham algumas
limitações. Enquadravam-se dentro da linha de fotografia da Leica, corpo e
objectivas de grande qualidade, mas para quem as tratasse com carinho e
pensasse na fotografia com muita calma, o que não era , nem é o meu caso, que
sou um fotografo instintivo e penso a fotografia com rapidez.
Acabei por mudar no início dos anos 90 para a Nikon, ganhei
algumas características , perdi outras, mas o que me lembro é do peso que
duplicou na mala, embora os botões da Nikon estivessem muito mais adaptados á
foto-reportagem, bem como a resistência do material em geral.
nova Olympus OM-D E-m1 |
Há cerca de duas semanas, fui convidado pela Exame
Informática para escrever uma nota sobre a ultima Olympus, OM-D E-M1. Já tinha
estado com o modelo antecessor, que não gostei, quer pelo manuseamento da
máquina em si, quer pelo formato de imitação de SLR, que detestei, não percebo
porque é que a grande vantagem de uma maquina destas , se perde com a imitação
de SLR, afinal de contas era suposto estas cameras serem discretas.
A Maggy, acedeu á fotografia teste, com luz fraca |
O meu colega Sérgio Magno, fã incondicional da OM-D, deu-me
logo os highlights da OM-D em relação á anterior, por isso fui-me logo
preparando. Grande velocidade de obturação, sensor melhorado, auto focus, ultra
rápido e eficaz, controlo pelas APP’s dos smartphones, grande estabilidade a
baixas velocidades, etc...
Primeira fotografia, na voltinha por Cascais, aproveitei a luz da matinal Modo: Manual 1/2,5s Stop F:22 com tripé de bolso distancia focal 19 mm Iso 100 |
Em relação ao primeiro contacto com a OM-D EM-1, continuo a
não gostar do formato de SLR, tem um punho frontal que a tornou mais
ergonómica, mas também não gostei logo á primeira vista de ter os diafragmas e velocidades , em modo manual,
escondidas em menus tradicionalmente vistos
em máquinas com formatos semelhantes, com excepção de algumas como a Leica ou da
FujiFilm séries-X.
Este formato de máquina , tipo RangeFinder, formato digital,
é o meu sonho desde que em 2001 comecei a abandonar o formato analógico, até
esta altura tinha tido a Leica MP, e depois para a Contax G2, com todas as
lentes. Estas máquinas,, eram ótimas , porque além da discrição que precisava,
tinham muita qualidade e eram essencialmente leves para o tipo de fotografia de
viagem que eu faço.
A 300 metros o sol já estava mais alto, o que me valia era uma neblina matinal que filtrava a luz Modo: Manual 1/60s F:8 100 Asa 27 mm |
Desde essa altura, nunca mais encontrei nada, ia
sobrevivendo ao desgosto com umas Canon da série G que fui falando até há pouco
tempo neste meu blog. Máquinas muito limitadas, principalmente por não terem lente intermutáveis, mas que satisfaziam,
considerando a evolução lenta das tecnologias em fotografia , comparativamente
a outros produtos.
Enfim, no ano passado adquiri a máquina que me faz o gosto,
a FujiFilm XE-1, cujo detalhes não me vou alongar, mas que serviu de
comparativo prático e conhecedor para o género de camera da OM-D E-M1.
Um pescador , na zona das docas da baia de Cascais, amanha as cavalas para iscar. Modo manual: 1/30s F: 6,3 320 Asa 15 mm Denoto já algum ruído, a 320 asa |
Em termo técnicos, logo á primeira vista a Olympus é um
colosso de tecnologia, com um auto focus rapidíssimo, pratico, e preciso, muito
mais do que ao que estou habituado da Fuji, que é uma desgraça.
Quando a desempacotei, como referi, já tinha algumas dicas
para onde deveria seguir, li o manual com alguma atenção, e descarreguei a
aplicação para o Iphone , para comando remoto.
Pescador de Cascais 1/30 S F: 6,3 320 Asa 27 mm |
Já era tarde e tinha pouco tempo para experimentar a
máquina, pelo que a primeira vitima foi a Maggy, a minha gata mainCoon, modelo nos
tempos livres.
Depois de observa a boa reação da máquina ás baixas
luminâncias percebi que iria ter algumas
limitações com a objectiva, dado que a 55 mm equivalente a 90 mm, é muito
escura (F: 5,6)
No dia seguinte, rumo a Cascais, logo pela madrugada
encontrei o Farol da Guia , envolto numa áurea matinal lindíssima, auxiliado
com um tripé miniatura fiz a primeira fotografia da Olympus, depois da
experiencia com a Maggy.
Segui até ao centro de Cascais , até o Sol ficar muito
elevado, perdi-me com imagens que só de manhã se captam.
Até aqui a houve uma adaptação á máquina, tenho o hábito de
focar e enquadrar pelo visor, que neste caso é electrónico, das primeiras
imagens constatei que o visor LCD traseiro, é muito bom, até demais,
pessoalmente prefiro visores que me mostrem as imagens com menos brilho e ideia
de que ficam cheias de cor, com definição é claro, mas prefiro chegar ao
computador sem decepções.
A Olympus tem rapidez suficiente para captar o que se pretende , e onde se pretende |
Á primeira impressão, os comandos da máquinas estão muito
prioritários para quem pretende utilizar os pré sets da maquina, tem todo o
tipo de tratamento que hoje em dia é vulgar nos Instagrams e fotografias, tudo
fica com ar de arte...
Simplesmente fotografei em formato RAW, e no final o meu
programa de edição , o Lightroom,elimina estas funções, que só as volto a
encontrar no Bridge.
Fotografia em JPEG original. |
Como recorri, basicamente ao Manual para ter melhor controlo
da luz e na velocidade, obrigou-me sempre a observar pelo visor LCD, não que
não haja informação no visor do olho, é que não dá tanto jeito.
Modo programa com pre-set de Impressionista tornou uma foto banal numa imagem minimamente interessante. |
Á medida que fui andando, fui experimentando as funções
automáticas e alguns pre-sets, estes últimos reconheço que são engraçados e
fazem de fotografias banais autenticas obras de arte, mas no fim , têm algum
descontrolo onde fazem as brincadeiras, e se o utilizador não tiver espaço nem
disposição para ambos os formatos RAW e JPEG, se não me engano pode ficar com
algumas imagens condicionadas.
Já no Algarve , o tempo não ajudava para quem tinha 2 dias para experimentar a máquina. Fotografia em RAW , editada somente em Lightroom 5 |
O modo de programa parece-me muito interessante, com rigor,
o problema que encontrei , foi que o anel de ajuste também funciona
automaticamente como correção de compensações, o que inadvertidamente gera a
que se esteja a regular exposição quando se pensa que se está em programa, o
que , a meu ver não é nada bom se não for intencional.
Ao entardecer fui dar uma volta de bicicleta para conseguir aproveitar o máximo de luz |
Uma das coisas que notei, foi a minha mulher contente por
poder focar e disparar com rapidez no ecran lcd traseiro, basculante. Esta
função que não apreciei particularmente, mostrou-me perfeitamente o publico
para quem esta camera está dirigida, no meu caso só vejo vantagens em tomadas
de cima da cabeça, rasantes, ou para filme. Ela viu vantagens para tudo .
Este sou , fotografado pela minha mulher, normalmente ficaria algo fora do enquadramento, mas aqui ficámos focados e perfeitamente enquadrados. |
Não sou fundamentalista da luz natural, acho que tenho de
fotografar com o que tenho á mão, mas por vezes surgem ocasiões que mesmo com a
Fuji, que tenho de fotografar com do flash, no caso da Olympus, vem com um
flash, mas que curiosamente, como as suas gerações analógicas mais antigas, as
OM 1 e 2, o flash é mesmo acessório.
Não tinha flash de cabeça, tive de aproveitar a luz existente para esta imagem da Cristina, antes de mudar de look. |
As antecessoras analógicas, traziam a
sapata de flash como acessório, muitas vezes quem não utilizasse o flash, podia
tirar a sapata e ficava com o penta-prisma com um design único (não vejo outra
vantagem) ,
Fotografia com Luz de estúdio, sincronizada por disparadores das cabeças. A olympus, permite a ligação por cabo PC-X |
já esta OM-D segue a mesma lógica e o pequeno flash que vem na
caixa, é removível, pelo que não dá jeitinho nenhum, nem a colocá-lo ou mesmo a
guardá-lo porque obriga a andar com o flash numa carteira própria, e mesmo que
se utiliza, está colocado ao centro da máquina cuja a luz não é a mais bonita.
Foto da Cristina Ferreira, com duas cabeças Bowens, 1000w No dia da apresentação em privado do seu novo look. |
Sinceramente , este modelo de flash não integrado, é uma
nota muito negativa, por exemplo no caso da Fuji, está perfeitamente integrado,
nem se nota que ele está presente, mas quando se precisa , ora aí está... em
contrapartida a Olympus oferece um Socket PC para um flash externo, o que
permita a sua ligaçãoo ás cabeças profissionais, o que na teoria era perfeito,
senão fosse o facto de quando se trabalha com luzes de estúdio, os diafragmas
normalmente são fechados, tipo, F:11, ou F:16, o que na Olympus é fatal porque
o visor electrónico, corrige e fica-se totalmente ás escuras, a menos que
exista alguma personalização que não descobri, e o visor se mantenha sem se
adaptar á luz , mantendo a luminosidade por inteiro.
Na manhã seguinte e ultima do teste, uma caminhada pela beira mar, numa altura em que o Algarve está por conta dos que lá vivem. |
Também experimentei o Wi-fi, controlado pelo Iphone, muito
interessante com uma utilização especifica, mas que permite um controlo remoto,
guardar e editar fotografias na hora, bem como enviá-las , muito bom, nota
positiva.
Também gostei da rapidez do auto focus, e já nem tanto de
ser uma máquina com a filosofia do disparar e perguntar depois. Torna-se fácil
acumular fotografias, enquanto enquadramos e focamos.... principalmente quando
se fotografa pelo visor LCD.
A Luna corria, e a máquina disparou com rapidez, embora o Auto focus não fosse tão rápido quando a cadência, de 5 ou 6, ficou 1 focada, bom!! |
Tem funções que claramente tem de haver uma intenção de as
ter ligadas, por exemplo a detecção de caras, é muito incomodativa quando temos
pessoas em movimento numa zona em que pretendemos focar um objecto.
Já me estava a adaptar á máquina e ao tipo de formato de 4:3 |
Gostei da gama de objectivas da Zuiko, como sempre muito
avançadas, já nem tanto do seu aproveitamento, achei o 4:3 um pouco limitado, e
embora anunciando sensibilidades altas de ISO, notei algum ruído a partir de Iso’s
baixo, tipo Iso 320, o que me retirou a FujiFilm do comparativo na qualidade
final, ficando a Olympus com um ficheiro mais semelhante ás pointshoot como a
GX-1 da Canon em que está sempre presente um ruído.
No Pre set de Paisagem Utilizei o polarizador circular |
Em resumo , uma camera muito avançada tecnologicamente ,
formato vintage que gosto pelas lembranças, mas que também me fez recordar o
mesmo botão On/off da OM-2 que me fez perder inúmeras fotografias e que fez
discussão em revistas da especialidade.
Modo Manual para compensar as nuvens Utilizei um filtro polarizador \editada em Lightroom 5 |
Todos os outros botões são personalizáveis o que é
muito positivo.
Tipo de leitura
rigorosa, e obriga a que se pense no que se pretende das funções que oferece.
Não é uma máquina pensada em fotografar de relance, embora permita rapidez, se
estiver tudo preparado.
É uma máquina que gosta que o dono a utilize para os clichés :-) |
A OM-D E-M1 é uma camera para quem gosta de fotografia em
geral, não é a máquina para quem gosta de fotografar e do prazer de resolver
algumas situações.
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